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Profissionais da psicologia afirmam que declarações de Bolsonaro “produzem sofrimento psíquico” às pessoas com HIV


Diante das recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro a respeito das pessoas que vivem com HIV, profissionais da área de saúde mental, se manifestaram em repúdio à discriminação e preconceito contra as pessoas que vivem com o vírus. O Conselho Federal de Psicologia (CFP), junto a todos os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) repudiaram as declarações do presidente da República, feitas pelo presidente ao dizer que pessoas com HIV/Aids são uma “despesa” para a sociedade.

Segundo o CFP e os CRPs, “tal afirmação, irresponsável e inaceitável, reforça o estigma e a discriminação a uma população que, no seu cotidiano, já enfrenta processos de exclusão que ferem a dignidade humana e produzem sofrimento psíquico.”

Em nota, os conselhos também afirmam que, “cabe lembrar que, no enfrentamento à epidemia da aids, o Brasil, há mais de vinte anos, soube construir uma política de Estado que está acima de governos ou partidos políticos, alicerçada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e na garantia dos Direitos Humanos, com reconhecimento e destaque internacional. Tal política deve seu êxito ao fato de ter sido elaborada com forte participação dos movimentos sociais, com muita luta contra o preconceito e o fundamentalismo que preferem o silenciamento e a ignorância no lugar do investimento em Saúde e da aposta na vida.”

A publicação também traz à tona, a extinção do departamento de HIV/aids do Ministério da Saúde nos primeiros meses do atual governo, que “além de fomentar a invisibilidade da epidemia, veio desarticular a construção histórica de ações e políticas de saúde em torno ao HIV/aids. A declaração do Presidente, lamentavelmente, soma-se a esse desmonte, desvelando uma política de governo sem embasamento científico, calcada em preconceitos. Denuncia, ainda, a falta de investimento em políticas públicas como a de educação sexual, voltadas à juventude, com foco na prevenção aliada a estratégias intersetoriais.”

Como representação dos profissionais da psicologia, os conselhos afirmam que “é nossa missão promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuir para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, atuando com responsabilidade social e analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural. Manifestamos, assim, nossa repulsa pela abordagem desrespeitosa, preconceituosa e sem conteúdo crítico dispensada às pessoas que vivem com HIV/aids por parte do governo brasileiro.”

Por fim, o CFP e os CRPs assumem o compromisso de “ampliar as ações de orientação e fiscalização junto à categoria, como modo de enfrentamento a qualquer ato que reforce o estigma e a discriminação contra essa população, cujo maior sofrimento decorre, não da doença, mas do preconceito. A Saúde é um direito de todas e todos e dever do Estado. Significa investimento na população do país que não pode ser tratada como “despesa”. Respeito é o que cabe às brasileiras e aos brasileiros, sem distinção, a merecerem mais saúde e mais dignidade.”

A doutora em psicologia e professora da PUC de São Paulo, Edna Kahhale, afirma que, “com todas essas ameaças de manter o Programa de Aids ou não, ter acesso ou não à medicação, ter acesso aos serviços de saúde, gera, além dos estigmas vividos pelas pessoas com HIV por parte da sociedade em geral, sendo vista como uma pessoa que não se cuidou, uma pessoa irresponsável. São discriminações que quem é soropositivo vive o tempo inteiro e com as ameaças de não ter manutenção da assistência com qualidade gera insegurança e desespero. Assim, existe a possibilidade de a pessoas desenvolver depressão pelo fato de se sentir menos valorizada socialmente.”

“Isso acontece porque ela sabe que pode adoecer caso as ameaças se concretizem, no sentido de não viabilizar o programa da maneira com que ele vem sendo implantado, de forma universalizada e com acesso para todas as pessoas. Então a gente se preocupa porque ela começa a se sentir frágil e ameaçada em um setor que ela era amparada e bem cuidada.Assim, essas ameaças são muito sérias porque não geram saúde, muito pelo contrário, geram adoecimentos”, finaliza Edna.

Regiane Garcia, psicóloga e sexóloga, disse que se preocupa com a onda de retrocessos no país, “Temos um retrocesso muito grande nesse momento no país e eu, como profissional da saúde mental, lamento muito porque as pessoas com HIV já tem que desconstruir preconceitos, trabalhar bastante para não se sentirem desprotegidas, desvalorizadas. Muitas delas já usam antidepressivos, medicamentos para ansiedade, fazem psicoterapia. E, agora, mais esses comentários infelizes que estão acontecendo por parte do poder público federal.”

“Corroboro com o Conselho Federal de Psicologia e com repúdio a qualquer discriminação de pessoas que vivem com HIV e qualquer ser humano de forma geral”, finaliza Regiane.

 

Redação da Agência de Notícias da Aids

 

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