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“Prazer” e “Desconforto” na ALERJ no Dia do Orgulho LGBT+


Ontem no dia 28/07/2018 foi realizado um ato politico no Plenário Barbosa Lima Sobrinho, com uma solenidade de Celebração Pública, organizada pelo Deputado Estadual Carlos Minc e outros ativistas LGBT+ para debater os enfrentamentos da comunidade no “Dia Mundial do Orgulho e Cidadania LGBT+”.

Foi um “Prazer” ver amigos na ALERJ envolvidos na luta contra a homofobia, a discriminação e o estigma que nossa população LGBT+ encara todos os dias nos corredores das gestões públicas e na sociedade, com familiares ainda muitas vezes preconceituosos, grupos fundamentalistas religiosos, machismos e crimes de ódio. Fazer parte desse conjunto, estar presente, aumentar o número de pessoas que ainda pensam as pautas engessadas para a população LGBT+ é um ato cidadão e de resistência. Sempre me farei presente.

Organização impecável, artistas maravilhosos e ativistas reunidos por uma causa que ainda está muito fragilizada e esvaziada pela própria população. Um Plenário esvaziado, a não ser a presença das mesmas lideranças que ainda atuam neste espaço de resistência.

Porém senti “Desconforto” até a minha saída do recinto às 21:10, já com a presença da segunda e última mesa composta por ativista de base vindo de diferentes regiões do Estado. Senti desconforto porque até este momento não ouvi sequer a menção das palavras “HIV e AIDS”. Nenhum representante de uma ONG AIDS foi convidada a fazer parte do grupo seleto do plenário pelos organizadores. Uma total omissão entre as pontes LGBT+ e o Movimento HIV e AIDS, como se uma não se conectasse a outra em uma pauta urgente na luta pela diversidade e saúde. Falou-se de “Direitos”, mas não foi mencionado (até o momento da minha saída) a palavra HIV/AIDS, onde a população LGBTI+ majoritariamente é a mais atingida. Uma total omissão de todos presentes sobre a conexão do HIV/AIDS e a população LGBT+.

Vale a pena lembrar que, nos últimos tempos, a mídia está repleta de notícias sobre a volta de crescimento da infecção pelo HIV no Brasil, principalmente entre as populações de jovens gays e pessoas trans. Não há nenhuma dúvida sobre as causas deste retorno.  Em primeiro lugar, é a omissão dos governos (de todos os níveis, federal, estadual e municipal) e dos governantes (cada vez mais conservadores e irresponsáveis), que abandonaram o trabalho de prevenção principalmente para estas populações marginalizadas e excluídas.  Mas também temos que assumir a nossa própria responsabilidade com esta crise.  Nós, do movimento LGBT+, também abandonaram o nosso compromisso com os nossos próprios jovens.  Na medida que temos omitidos a pauta do HIV e AIDS, temos deixado de proteger a nossa própria comunidade.

Há uma urgência profunda nas pautas que a comunidade LGBT+ organiza de se re-conscientizar que o HIV e AIDS ainda precisa fazer parte da nossa pauta, e neste momento tão importante a epidemia é esquecida e ignorada em locais onde há vozes de resistência contra o sistema engessado e truculento em vivemos no presente. Vejo isto como um tremendo retrocesso na luta por “Direitos”.  A saúde também é Direito, apesar das ações de governos cada vez mais reacionários que ameaçam destruir o SUS e jogar fora uma resposta frente à AIDS que um dia, no passado, foi considerada bem sucedida – mas que não é mais, principalmente para as populações gays e trans,

Quantos amigxs LGBT+ já não estão mais conosco? Quantxs morreram pela omissão do Estado e agora pela omissão da própria comunidade LGBT+? Quando começaremos recolocar na pauta LGBT+ as palavras HIV e AIDS? Até quando vamos ignorar o HIV e AIDS em manuais, folhetos, outdoors LGBT+?

Ficam aqui registrados os meus prazeres e desconfortos sobre o ato público da ALERJ ao “Dia Mundial do Orgulho e Cidadania LGBT+”

Texto: Vagner de Almeida

Fotos: Vagner de Almeida

 

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