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Dia Nacional da Visibilidade Trans: Luta e Resistência


Apesar do Dia Nacional da Visibilidade Trans ter sido criada no ano de 2004, após o lançamento da campanha do Ministério da Saúde “Travesti e Respeito- Já é hora dos dois serem vistos juntos”, até hoje, a população de Travestis e Transexuais não tem muito o que comemorar no Brasil. Ainda muito estigmatizada e invisibilizada – até dentro da comunidade LGBT – pela sociedade, sua existência só é notada (ou nem isso) quando vira estatística no país que mais mata travestis e transexuais no mundo. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), em 2017, foram registrados 179 assassinatos de pessoas transgêneros(as) em todo o território nacional. O Sudeste ficou em segundo lugar em número de óbitos (57).

 Os dados por si só alertam para a necessidade da criação de ações e políticas públicas que cheguem até essas pessoas e possibilitem outros caminhos que não sejam somente a prostituição ou o caixão apenas por existir. E transgredir. Afinal, são pessoas que ainda possuem grande dificuldade de acesso à educação, ao trabalho e à saúde, além da violência e do desrespeito do dia a dia. Ciente de tudo isso, historicamente, o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), através de seu coordenador Vagner de Almeida – entre outros integrantes – sempre caracterizou-se por dar vez e voz a essas e esses incríveis resistentes através de sua extensa produção audiovisual.

 Além de marcar essa importante data, o ano de 2004 também ficou marcado pela perda da histórica ativista e advogada Janaína Dutra Sampaio. Aos 43 anos, o movimento da diversidade sexual brasileiro perdia uma de suas mais importantes ativistas. Entretanto, sua vida daria um filme. E deu. Em 2011, “Janaína Dutra –  Uma Dama de Ferro” estreou em circuito nacional e internacional e passou a limpo toda a sua corajosa trajetória de vida e política em prol das travestis brasileiras e os direitos humanos. Outro importante documentário é “Basta um Dia”, que retrata a vida de indivíduos transgêneros e homossexuais, da Baixada Fluminense, que se esforçam para sobreviver diante da dura realidade e violência que os rodeiam no cotidiano.

“Borboletas da Vida” também é outro trabalho que visibiliza essa importante população. Através da realidade de jovens homossexuais das periferias das grandes cidades, em meio a pobreza e a miséria, assistimos jovens gays que se transformam em borboletas da vida brasileira e experimentam as possibilidades e os limites do gênero e da sexualidade com força, coragem e a determinação maior do que a “mulher que carregam na bolsa”. Já em “Ritos e Ditos de Jovens Gays”, desvenda a vivência do jovem homossexual em tempos de AIDS e ficou marcado, entre outras coisas, pela personagem Volpe. Que o Brasil teve a oportunidade de conhecer como a Lacraia “da eguinha pocotó”, mas que fora das câmeras (e muito antes da fama) mostrava a coragem e a força necessárias para enfrentar a injustiças e a opressão de nossa sociedade. Sociedade essa que nos idos dos anos 90 ainda assistiu – alguns com aplausos e outros com brados – o espetáculo “Cabaret Prevenção”, que através da arte expressionista reuniu um elenco de jovens homossexuais – onde muitos assumiram sua transição de gênero, posteriormente – das mais diversas características para falar sobre a homossexualidade em tempos de AIDS com muita ousadia.

 Esses são só algumas das realizações promovidas pelo Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens com Travestis e Transgêneros. Acima de tudo isso, esperamos que cada vez mais o Dia da Visibilidade Trans também seja de reflexão e ação para sempre manter em mente que acolhimento é cidadania, e que incluir homens e mulheres trans socialmente já será um passo importante para todos nós.

Texto: Jean Pierry e Jéssica Marinho

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