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Brasil registra 129 assassinatos de pessoas trans até agosto e supera número total de vítimas em 2019, mostra levantamento


Todas as 129 vítimas mortas entre janeiro e agosto de 2020 eram mulheres trans e travestis, de acordo com levantamento feito pela Antra Foto: Agência O Globo

Só nos primeiros oito meses do ano, 129 pessoas trans foram assassinadas no Brasil. O número de vítimas noticiado até agosto já é superior aos 124 casos registrados ao longo de todo o ano de 2019 e representa um aumento de 70% em relação a igual período do ano passado, segundo o quarto boletim bimestral da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), divulgado nesta segunda-feira (7).

Ainda de acordo com o levantamento feito pela Antra em parceria com o Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), todas as vítimas em 2020 expressavam o gênero feminino, ou seja, eram mulheres trans ou travestis.

O número de assassinatos registrados entre janeiro e agosto de 2020 (129) é 70% superior ao registrado no mesmo período de 2019 (76) e supera o registrado nos oito primeiros meses de 2018 (113) e 2017 (118), revela a entidade.

Este é o quarto aumento consecutivo no número de assassinatos de pessoas trans monitorado pela Antra neste ano. Na comparação com igual período do ano anterior, no primeiro bimestre o aumento foi de 90%, no segundo 48% e o terceiro apresentou aumento de 39%, conforme publicado nos boletins anteriores.

Os cinco estados com mais mortes de pessoas trans entre 1 de janeiro e 31 de agosto de 2020 são São Paulo (19 casos), Bahia e Minas Gerais (ambos com 16 casos), Ceará (15 casos) e Rio de Janeiro (7 casos). Esses mesmos estados figuram entre os que mais assassinam pessoas trans desde 2017, quando a Antra iniciou o levantamento. A entidade destaca o fato de que, apenas nos dois últimos meses, o Ceará teve mais casos de assassinatos que o primeiro semestre inteiro. Foram 7 casos até junho e mais 8 até agosto, de acordo com o boletim.

Há quatro anos, a associação publica anualmente um levantamento dos crimes cometidos contra pessoas trans a partir dos casos noticiados pela mídia e informados à rede por outras vias, e, neste ano, passou a divulgar também boletins bimestrais sobre os assassinatos. No entanto, a própria entidade alerta para o fato de que os dados divulgados podem não refletir o cenário real de violência contra essa população. “Nossa metodologia de trabalho possui limitações de capturar apenas aquilo que de alguma maneira se torna visível. É provável que os números reais sejam bem superiores”, diz a entidade.

No boletim, a associação critica a falta de ação do Estado, que “ainda não implementou nenhuma medida de proteção junto a população LGBTI+, mesmo depois da decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a LGBTIfobia como uma forma do crime de racismo.” A decisão do STF completou um ano em junho.

Violência na pandemia

A Antra alerta para o impacto da pandemia de Covid-19 para pessoas trans, especialmente travestis e mulheres transexuais mais vulneráveis:

“A vida das pessoas trans, principalmente as travestis e mulheres transexuais trabalhadoras sexuais, que seguem exercendo seu trabalho nas ruas tem sido diretamente afetadas. A maioria não conseguiu acesso às políticas emergenciais do estado devido à precarização histórica de suas vidas e não possui outra opção a não ser continuar o trabalho nas ruas, se expondo ao vírus e consequentemente à violência transfóbica”, diz a publicação.

A associação aponta ainda para a violência no ambiente virtual e um aumento na violência doméstica registrado nos meses de isolamento social imposto pela Covid-19.

Fonte: O Globo
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