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ABIA se reúne com representantes de ONGs no gabinete do vereador David Miranda


Na tarde da última terça feira (27) foi realizado um encontro no gabinete do vereador David Miranda (PSOL-RJ), na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia, entre a representante parlamentar Bárbara Aires – designada na ausência do vereador – e lideranças de organizações e instituições não governamentais do segmento de HIV/AIDS do município.

O objetivo foi promover um debate com as lideranças para definir, conjuntamente, diretrizes  que possam ser trabalhadas dentro de ações da Frente Parlamentar de HIV/AIDS da Câmara de Vereadores, que foi aprovada recentemente em uma plenária com 41 votos/assinaturas. Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens representou a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) juntamente com o assistente de projetos Jean Pierry Oliveira. Além deles, Regina Bueno (Rede de Jovens Positivos do RJ), Márcio Villard e Josimar Pereira (Grupo Pela Vidda RJ), Bernardo Rangel (médico, diácono e coordenador arquidiocesano da Pastoral da AIDS), Cazu Barroz (Federação de Bandeirantes do Brasil) e Ana Lúcia Pinheiro (ativista do Movimento Nacional de Cidadãs Posithivas) também marcaram presença.

“O que falta é intersetorialidade. Eles sabem (governo) que hoje o público LGBT é um dos mais afetados, mas não se conversa com a gestão social”, criticou Regina Bueno. A territorialidade da questão e a assistência dada pelo município às pessoas vivendo e convivendo com HIV e AIDS (PVHA) foram algumas das maiores queixas. Especialmente no que tange à medicação prescrita (nem sempre os pacientes são atendidos por infectologistas), falta de remédios, má gestão administrativa e de planejamento. “Essas estratégias de iludir a população de que o 90-90-90 até 2030 vai zerar o HIV/AIDS é mentira. A cada ano está pior”, ressaltou Vagner de Almeida. E completou: “Na ABIA chega de duas a três pessoas por dia que se descobriram positivas e não querem fazer o tratamento e aí tentamos fazer o que nos cabe: acolher, encaminhar a outras pessoas, dar assistência e ajudar elas da melhor maneira”. Garantir a desterritorialidade do paciente com HIV/AIDS foi apontada e registrada em ata também pela representante do gabinete, como uma das prerrogativas para se levantar e criar um – futuro e possível –  Projeto de Lei (PL). Mas para Villard, “não adianta criar uma PL para proibir ou garantir algo que não é proibido por lei. O problema está na gestão, na base. O problema é ser tratado na atenção básica, ora visto o problema de adesão que temos visto e que culmina com o abandono do tratamento. Falta uma coordenação que organize isso”, rebateu ele.

Sobre as Infecções Oportunistas (IO’s), Cazu Barroz indagou sobre a diferenciação na hora de buscar medicamento em postos, onde caso não encontre no posto mais próximo de sua casa, também não poderá buscá-lo ou retirá-lo numa outra unidade mesmo que esta tenha. “É função da assistência farmacêutica a negociação de medicamentos e controle daquilo que está faltando. Isso é parte da portaria antirretroviral. Então é um erro duplo”, complementou o diácono Bernardo Rangel. Para Regina Bueno falta boa vontade de gestores municipais quanto ao interesse pela causa e capacitação de seus funcionários e o HIV/AIDS, o que impede o êxito do tratamento e prevenção, especialmente quando já há a existência do Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) que preconiza essas e outras ações para serem executadas no Rio de Janeiro. Outro ponto levantado foi sobre o acolhimento do infectologista para com o paciente, que positive assim a relação médico-paciente e permita ao soropositivo garantir um tratamento de qualidade, sem danos a adesão. “O que falta é a confiança para isso dar certo”, disse Almeida. O SISREG (Sistema de Regulação de Leitos) também foi citado como um dos grandes vilões na saúde municipal e estadual. Com pouquíssimas vagas para muita demanda, a espera do tratamento e hospitalização, muita das vezes, determina o limite entre a vida e a morte para uma PVHA, dependendo do estado clínico da doença. “Com essa falta de vagas (nos hospitais) é um problema a mais, porque mesmo aqueles que querem que (o sistema) funcionem, vão enfrentar falta de vagas”, sentenciou o diácono Rangel.

“Nós recebemos na ABIA sempre nas nossas rodas de conversa, relatos de jovens que perguntam onde farão seus tratamentos, especialmente na Baixada. E aí você se pergunta o que dizer a essa pessoa”, encerrou Almeida sobre a complexidade da epidemia.

Texto: Jean Pierry

 

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